Mercado de luxo online cresceu quase 8 vezes numa década para 33,3 mil milhões

As vendas online de produtos de luxo dispararam desde 2010, quando valiam 4,3 mil milhões de euros. A China é o país onde o mercado de luxo mais cresce

As vendas online de produtos de luxo estão a disparar. Em 20210, os clientes de luxo gastaram 4,3 mil milhões de euros, em 2019 esse valor passou para os 33,3 mil milhões, destaca a Mazars no seu mais recente relatório intitulado ‘Consciente, colaborativo, conectado: Reformulando o modelo de negócios do luxo’. A China é o país onde o mercado de luxo mais cresce.

Mas não são, apenas, as vendas online que crescem. O mercado global de produtos em segunda mão atingiu já os 30 mil milhões de euros anuais, graças a um crescimento médio anual de 12% nos últimos cinco anos. Diz a Mazars, no seu relatório, publicado em parceria com o projeto Arianee, que este “novo” modelo de negócios “responde às expectativas” dos novos grupos de clientes, que “prioriza experiências de luxo, aposta em parcerias e adota práticas circulares em busca de uma maior sustentabilidade”.

Assim, e segundo este estudo, os clientes de luxo são cada vez mais jovens e vêm, predominantemente, da China. “O país é o principal mercado em crescimento para o luxo e acolhe milhões de clientes ricos ansiosos por comprar produtos de primeira linha. Os clientes de luxo da China são um dos três novos grupos identificadas no relatório. Estes são os HENRYs (High-Earners-Not-Rich-Yet), correspondentes a uma faixa populacional que ganha entre 100 mil e 250 mil dólares anuais, situados na China e noutros países, os Millennials e a Geração Z – todos impulsionam o potencial de crescimento do mercado da moda de luxo. Cada novo grupo traz as suas próprias oportunidades e pressões distintas para o foco no cliente”, destaca a Mazars, em comunicado.

Além disso, e com recurso a uma série de entrevistas, o relatório mostra que o serviço ao cliente é hoje fulcrail, especialmente no pós-venda. É o caso dos programas de devolução e reciclagem para os clientes que procuram um consumo sustentável, e de que o programa Renovar, de Eileen Fisher, é um bom exemplo.

Refere também o estudo que as parcerias se tornaram “vitais” para garantir uma “maior transparência, circularidade e sustentabilidade”. “O Fashion Pact é um exemplo de colaboração bem-sucedida: uma coligação global que ajuda grandes casas de luxo como a Burberry, Kering e Prada a colaborar com marcas mais pequenas, oferecendo trocas brand-to-brand. Ao fazê-lo, cumprem a promessa de sustentabilidade ambiental que os consumidores desejam”, destaca a Mazars, que acrescenta: “Algumas destas parcerias foram estabelecidas com o objetivo de combater a contrafação. Estima-se que os produtos falsos de luxo representem 60% a 70% dos 3,8 biliões de euros de fluxos anuais de comércio falsificado”.

E a inovação tecnológica tem sido uma ajuda para que as marcas de luxo atualizem os seus modelos, oferecendo certificação digital para garantir a autenticidade do que vendem, a oferta de experiências ao vivo, como vendas especiais ou acesso a coleções cápsulas, tudo vinculado ao uso das redes sociais das marcas, ou, ainda, o recurso a novas tecnologias digitais, como os chatbots e a identificação por radiofrequência (RFID), que visam acelerar e facilitar a experiência do cliente.

Mas o mercado de luxo não é imune à pandemia e, por isso, “todas as marcas estão a expandir a sua presença digital”, refere a Mazars, dando os exemplos da Hermès e da Tiffany, que “estão a adotar ferramentas de marketing digital, como o livestreaming, que tinham rejeitado no passado”. O relatório prevê um futuro a longo prazo “mais brilhante” para osplayers de luxo que levam a sério o interesse do cliente pelo consumo sustentável. O que significa apostar na economia circular e na procura de soluções de reciclagem para os produtos de luxo, mas, também, obriga a ir mais longe, com o desenvolvimento de novos materiais e processos de produção que não prejudiquem o planeta.

“As marcas de luxo são conhecidas há muito tempo pela sua capacidade de controlar a forma como os seus produtos são apresentados e vendidos. Este relatório revela de que forma as marcas estão a reformular os seus modelos de negócio para corresponderem à nova realidade do mercado. Alianças que capacitam as marcas a serem mais inovadoras e circulares, e as práticas de negócios que priorizam uma base de clientes mais jovem e diversificada começam a tornar-se recorrentes”, defendeu, em comunicado Isabelle Massa, partner da Mazars, que acrescenta: “Este relatório revela as novas abordagens adotadas pelas marcas de luxo: de que forma estão a expandir a sua presença digital para responder à pandemia e a reajustar os seus modelos para construir negócios sustentáveis e responder a todos os seus clientes com mais eficácia do que nunca”.

Já o cofundador e CEO da Arianee, defende que o setor do luxo está em processo de reforma. ” A indústria como um todo está em evolução, cultural e organizacional, para responder a novos e velhos desafios. A tecnologia e as parcerias estão no centro dessa evolução: à medida que as marcas de luxo encontram novas formas de oferecer experiências, serviços e oportunidades circulares, tais como a revenda, elas podem acompanhar a procura dos seus clientes cada vez mais jovens e com visão global”, sublinha Pierre-Nicolas Hurstel.

FONTE: DINHEIRO VIVO

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